Setor Cultural desperdiça oportunidades ao não fazer uso de dados

Filosofia de subsídio, dependência e falhas de mercado estão afastando o setor cultural dos benefícios de uma política e estratégias baseadas em dados, aponta relatório da consultoria Nesta. [versão livre do original em inglês, no site Arts Professional.]

O modo como o setor da cultura e das artes faz uso de dados é desatualizado e insuficiente, diz um novo relatório da ONG Nesta. Apesar disto, não faltam oportunidades para melhor compreender e ampliar o impacto cultural e social do gasto público, segundo Anthony Lilley e Paul Moore, autores de ‘Counting What Counts: What Big Data can do for the Cultural Sector’, que enfatizam a necessidade de organismos artísticos e culturais emularem a gestão dos chamados "grandes dados", comuns em outros setores. O relatório diz que as organizações artísticas precisam pensar mais em estatísticas como ativos e não apenas como ferramentas de prestação de contas. Para encorajá-los a isso, sugere que os órgãos de fomento definam indicadores de desempenho para o uso de dados pelas organizações que recebem fundos.

Segundo os autores, a expressão "grandes dados" ["big data"] é comumente utilizada para significar o aumento de volume, velocidade e variedade de dados criados pelas tecnologias digitais e, em particular, a quantidade de dados que surge a partir dos efeitos de escala das redes digitais. O termo é freqüentemente usado também para descrever o que pode ser feito com esses dados.

"Muitas vezes, a coleta e a comunicação de dados são vistas como um fardo, por exigência do financiamento ou governança, e não como um recurso a ser utilizado para o benefício da própria instituição artística-cultural e de seu trabalho." Os autores descrevem esta situação como tendo sua origem em uma "filosofia do subsídio, da dependência e da falha de mercado, a qual sustenta grande parte do setor cultural, incluindo as artes e a radiodifusão pública." Eles sugerem a necessidade de uma mudança de mentalidade, a fim de que o setor possa aproveitar ao máximo a oportunidade que os "grandes dados" oferecem, indo ao encontro da retórica do "investimento" largamente utilizada no setor, em especial por organismos de política e financiamento. Já que, até o momento, o termo "investimento" tem se mostrado pouco mais do que um mero substituto para a desgastada palavra "subsídio", em vez de uma genuína mudança de perspectiva.


Outros obstáculos encontrados pelas organizações para tirarem proveito de dados e estatísticas incluem um interesse limitado e a escassa compreensão de sua importância, nos altos escalões. Para muitos dirigentes, o potencial dos dados para o setor cultural não vai muito além de descobrir se a mera existência da instituição é ou não conhecida; na pior das hipóteses, é nulo mesmo. Os autores descrevem a idéia de usar estatísticas em artes como "controversa ou até um anátema", embora reconheçam a existência de "ilhas de conhecimento apaixonado e atividade efetiva." 
Para um maior aproveitamento, pelo setor cultural, das oportunidades oferecidas pelos "grandes dados", o documento propõe três linhas de ação, que incluem o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de estratégias de dados dentro das organizações; a criação de "projetos-piloto", que explorem novas abordagens no gerenciamento de dados; e o apoio a gestores, formuladores de políticas, financiadores, conselhos, etc. para que desenvolvam uma filosofia e as habilidades necessárias para uma cultura de tomada de decisões com base em dados, no mais alto nível.

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