Pesquisa Usos do Tempo Livre: perfil do público de Porto Alegre segundo idade

Retomamos hoje a divulgação dos resultados da nossa pesquisa Usos do Tempo Livre e Práticas Culturais dos Porto-Alegrenses, cujos dados básicos, publicados em livro, não continham ainda cruzamentos entre as diversas variáveis. Assim, damos continuidade à análise daqueles resultados, relacionando características dos entrevistados - como idade, sexo, cor ou raça, escolaridade, renda, profissão e estado civil - com a frequência com que declararam assistir a eventos culturais como sessões de cinema, shows musicais, circo, concertos ou óperas, espetáculos de dança ou balé, de teatro, exposições de fotos, de pintura ou outras artes e bailes ou outros locais de dança. As perguntas sobre a frequência a esse tipo de eventos ofereciam quatro respostas possíveis: 1) “Sim, ao menos uma vez nos últimos 30 dias”; 2) “Sim, ao menos uma vez nos últimos 12 meses”; 3) “Sim, alguma vez na vida, há mais de 12 meses” e 4) “Nunca”. Nosso foco serão as respostas extremas, caracterizando aqueles que optaram pela primeira como “frequentadores assíduos”; e os que se enquadraram na última, como “excluídos” dessas manifestações culturais.
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Idade x eventos culturais

De maneira geral, à medida que aumenta a idade, tornam-se mais raros os frequentadores assíduos. Jovens de 15 a 24 anos são a faixa etária que apresenta os maiores percentuais de frequentadores assíduos de cinema (59,7%, contra 39,8% do total da amostra), bailes (53,6% contra 39,3% do total) e shows musicais (51,6% contra 36,3%). No caso do cinema, por exemplo, essa parcela cai para 19,1% entre 55 e 64 anos e apenas 8,1% com 65 anos ou mais. Para exposições de fotografia ou de artes em geral, há uma predominância da faixa de 25 a 44 anos. Nas demais atividades, existe uma distribuição mais equitativa dos frequentadores entre as faixas intermediárias, com variações que ficam dentro da margem de erro, porém sempre com redução significativa na de maior idade. Destaca-se o fato de nenhum dos 115 respondentes desta faixa (que corresponde a quase 10% do total da amostra) ter frequentado concerto ou ópera, nem exposições de artes nos últimos 30 dias, enquanto apenas dois (1,7%) frequentaram espetáculos de dança ou balé.

No polo oposto, da exclusão, o maior índice encontra-se novamente entre os jovens de 15 a 24 anos, dos quais 76,9% nunca estiveram em um concerto ou ópera, percentual acima da média da amostra, para esta atividade (67,1%). Um pouco menos pior é a situação da dança ou balé: 67,5% dos jovens de 15 a 24 anos nunca frequentaram essa atividade, contra 58,7% da população em geral. A tendência de uma exclusão maior entre jovens em parte é esperada, se considerarmos que o número de oportunidades para frequentarmos eventos tende a crescer de forma proporcional ao tempo vivido. No entanto, quando se trata de exposições, são os idosos (65 anos ou mais) que apresentam os maiores índices - 64,3%, contra média de 52,9% para exposições de foto; 65,2% contra 49,7% para exposições de artes. O fenômeno se repete no teatro - 53,9% entre os idosos, contra 43,2% na população em geral. Já o circo tem características peculiares. Embora a exclusão em geral seja menor que para outras artes (23,3%), ela aumenta em proporção inversa à idade, atingindo 35,7% na faixa de 15 a 24 anos, o que poderia indicar uma tendência à redução do acesso ou do interesse por essa atividade tradicional, nos últimos tempos, entre os mais jovens. O recorte da pesquisa, porém, ao entrevistar somente pessoas com mais de 14 anos, deixou de fora as crianças, público por excelência do circo, motivo pelo qual seria precipitado concluir algo nesse sentido. Em relação a shows musicais, há duas categorias distintas de exclusão (que poderíamos chamar generacionais): dos 15 aos 44 anos o percentual de pessoas que nunca foram a shows (entre 4,1% e 5,1%) é menos da metade do apresentado entre as pessoas com mais de 45 anos (entre 9,6% e 11%).

A pesquisa entrevistou, entre novembro e dezembro de 2014, 1220 porto-alegrenses de ambos os sexos, com idade a partir de 14 anos. As entrevistas foram feitas a domicílio, sendo a amostra estratificada segundo idade, sexo e residência nas 17 regiões da cidade. A margem de erro calculada é de 2,8% para mais ou para menos. Os dados da pesquisa estão disponíveis aqui.

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