A SMC em números: como foi a execução do orçamento em 2018

Secretaria da Cultura executou pouco mais da metade do orçamento


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Nessa postagem, analisamos dados referentes à execução orçamentária do Município, da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) e de seus principais programas, em comparação com os demais órgãos do Município, no exercício de 2018. A fonte dos dados é o Portal do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS).

Dos R$ 40,4 milhões destinados à SMC pela Lei Orçamentária Anual (LOA), foram empenhados R$ 24,9 milhões, ou 51,4% do previsto. No mesmo ano, a execução orçamentária do conjunto da Administração Centralizada do Município (que não contabiliza a Carris, a FASC e autarquias como o DMAE) alcançou 83% (R$ 3,5 dos R$ 4,2 bilhões previstos na LOA). A SMC ficou na décima-terceira posição entre os órgãos municipais quanto ao desempenho neste quesito, ficando à frente apenas das Secretarias da Transparência (que executou 37,8%), Parcerias Estratégicas (42,4%) e Infraestrutura e Mobilidade Urbana (44,8%). As três são secretarias novas, criadas pela reforma administrativa na atual gestão. No outro extremo, duas secretarias empenharam mais recursos do que o previsto: Desenvolvimento Econômico (110,8%) e Planejamento e Gestão (102,4%).
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Com poucos recursos liberados para atividades-fim, maior parte da despesa da SMC foi com pessoal


Variação semelhante à que ocorreu entre os distintos órgãos municipais deu-se internamente na SMC, entre os diversos programas, tendo aqueles voltados às atividades-meio apresentado  percentual muito superior de execução do que os demais. Dos R$ 24,9 milhões empenhados, R$ 17,5 milhões (70,5%) foram gastos com pessoal.

Esse percentual é praticamente igual ao do ano passado, embora o valor nominal tenha caído de R$ 18,3 para R$ 17,5 milhões. Somados aos R$ 2,7 milhões da rubrica "Administração Geral" e R$ 1,8 milhão para "Processamento de Dados" (recursos destinados à remuneração da Procempa pelos serviços de TI), chega-se a um percentual de 89% da despesa total com essas atividades-meio. (um por cento a mais que no ano passado). Em consequência, apenas 11% foram destinados às atividades-fim, cerca de R$ 2,8 milhões, R$ 333 mil a menos que em 2017.

A execução orçamentária da SMC em 2017 foi analisada pelo blog aqui.

A Cultura na proposta de orçamento para 2019

Gustavo Paim entregou a proposta ao presidente da Câmara
Valter Nagelstein (foto de Jefferson Bernardes/PMPA)

Confira os números do orçamento para a cultura do próximo ano


No último dia 15, foi entregue à Câmara de Vereadores, pelo Prefeito em exercício, Gustavo Paim, a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para o ano que vem. A proposta tem receita total estimada em R$ 7,5 bilhões, enquanto a despesa é prevista em R$ 8,6 bilhões - déficit superior a RS 900 milhões. A seguir, destacamos os números referentes à cultura no documento que, antes de ser aprovada pelos vereadores e transformado em Lei, poderá sofrer alterações.

A despesa prevista na função Cultura é de R$ 48.790.903, correspondente a 0,58% da despesa total. O valor é praticamente o mesmo previsto na LOA de 2018 (R$ 48.778.004), porém como a despesa total do Município aumentou, houve queda em termos percentuais, já que no atual orçamento a Cultura representa 0,67%. Os números de 2019 também representam redução ainda maior para a Cultura do que aquela sinalizada no Plano Plurianual 2018-2021, que previa para o ano que vem R$ 55,2 milhões (ou 0,71%) (Comentamos o PPA, quando de sua aprovação, aqui e aqui)

Quanto às receitas, o Município prevê arrecadar R$ 366 mil através do Funcultura e R$ 412 mil via Fumpahc, além da captação de R$ 2,2 milhões por meio de projetos culturais. Há previsão de repasses, pela União, de recursos para o projeto de Praças do Esporte e da Cultura (R$ 775,5 mil) e para o programa PAC Cidades Históricas (R$ 7,7 milhões).  A previsão de repasses do Fundo de Participação dos Municípios alcança R$ 284 milhões. Segundo a legislação municipal que criou o Funcultura e o Fumproarte, esses fundos deveriam receber no mínimo 3% desse total, ou seja, R$ 8,5 milhões cada. (saiba mais aqui)

Quanto à natureza da despesa, uma diferença importante entre o atual orçamento e a proposta para 2019 é o aumento de 243% na rubrica "Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos" (de R$ 1,4 milhão para R$ 4,8 milhões). Despesas com pessoal e encargos deverão absorver R$ 16,2 milhões, cerca de um terço do total previsto.


Subfunção Valor previsto R$ %
Administração geral R$ 20.965.220,00 43,3%
Tecnologia da Informação R$ 2.184.617,00 4,5%
Comunicação social R$ 1.010.000,00 2,1%
Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico R$ 11.452.687,00 23,7%
Difusão Cultural R$ 12.778.379,00 26,4%

R$ 48.390.903,00 100,0%

Na tabela acima, é possível ver quanto será investido em cada uma das subfunções. Despesas de pessoal estão incluídas em "Administração geral". O valor lançado em "Tecnologia da informação" é destinado ao pagamento da Procempa pelos serviços prestados à SMC.


Programa 2019 2018 Variação % 2018-2019
Valor R$ % Valor R$ %
Museu da História e Cultura do Povo Negro

R$ 300.000,00 0,6%
Plano Municipal do Livro e da Leitura R$ 285.000,00 0,6% R$ 283.195,00 0,6% 0,6
Descentralização R$ 2.394.760,00 4,9% R$ 870.000,00 1,8% 175,3
Porto Alegre em Cena R$ 10.100,00 0,0% R$ 804.330,00 1,7% -98,7
Fomento à Produção Cultural-Fumproarte R$ 1.533.066,00 3,2% R$ 1.528.172,00 3,2% 0,3
Democratização Cultural-Funcultura R$ 1.214.242,00 2,5% R$ 2.179.918,00 4,5% -44,3
Memória da Cidade R$ 3.720.587,00 7,7% R$ 2.727.718,00 5,6% 36,4
Música R$ 276.300,00 0,6% R$ 329.938,00 0,7% -16,3
Administração geral R$ 2.486.386,00 5,1% R$ 2.319.859,00 4,8% 7,2
Qualificação e ampliação da rede de equipamentos culturais R$ 2.933.844,00 6,1% R$ 2.200.135,00 4,5% 33,3
Fundo Monumenta R$ 452.100,00 0,9% R$ 533.045,00 1,1% -15,2
Administração de pessoal R$ 18.478.834,00 38,2% R$ 17.780.785,00 36,7% 3,9
Processamento de dados R$ 2.184.617,00 4,5% R$ 2.651.752,00 5,5% -17,6
Publicidade R$ 1.010.000,00 2,1%


Audiovisual R$ 602.667,00 1,2% R$ 469.530,00 1,0% 28,4
PAC Cidades Históricas R$ 7.732.100,00 16,0% R$ 11.205.650,00 23,1% -31,0
Artes visuais R$ 1.261.000,00 2,6% R$ 735.527,00 1,5% 71,4
Literatura e humanidades R$ 230.000,00 0,5% R$ 229.595,00 0,5% 0,2
Infraestrutura para Museu do Povo Negro

R$ 50.000,00 0,1%
Artes cênicas R$ 951.100,00 2,0% R$ 950.000,00 2,0% 0,1
Centro municipal de dança R$ 584.200,00 1,2% R$ 228.855,00 0,5% 155,3
Casa do artista rio-grandense R$ 50.000,00 0,1% R$ 30.000,00 0,1% 66,7
Totais R$ 48.390.903,00 100,0% R$ 48.408.004,00 100,00% 0,0

Na tabela acima, desdobramos o orçamento da SMC em seus diversos programas, comparando com os valores de 2018. Os programas que mais terão aumento de recursos em 2019 serão a Descentralização (alta de 175%) e a Dança (mais 155%), seguidos pelas Artes Visuais (mais 71%).
Na outra ponta, o Porto Alegre em Cena terá a maior redução entre os programas (98%), restando somente simbólicos R$ 10.100; ficando o Funcultura em segundo lugar (menos 44%). (Numa próxima postagem, vamos analisar a execução orçamentária deste ano, isto é, em que medida as previsões da LOA se confirmaram)



A Câmara Municipal prevê investir R$ 400 mil na função cultura, R$ 30 mil a mais do que em 2018.

Porto Alegre: a Política Cultural em números

No aniversário da cidade, reunimos links para dados sobre o orçamento da Cultura de Porto Alegre, que publicamos anteriormente


Na data em que comemoramos o aniversário da cidade, nada melhor do que alguns dados para auxiliar na reflexão e no debate sobre a realidade das nossas políticas culturais.
Além dos dados do orçamento municipal para o Carnaval, publicados na postagem anterior, reunimos aqui links para outros dados publicados anteriormente. Assim como o Carnaval, o projeto de Descentralização também foi objeto de um levantamento que fizemos, ano passado. Confira aqui.

Veja aqui o ranking das capitais brasileiras segundo o percentual  do orçamento que investiram em cultura, desde 2002. Porto Alegre ocupa a oitava posição.

Você pode consultar também outro ranking das capitais, segundo o percentual que gastaram com seu Patrimônio Cultural . Neste, Porto Alegre é a décima-quarta.

Veja também a série histórica dos percentuais orçamentários da cultura em Porto Alegre, desde a criação da Secretaria Municipal da Cultura, em 1988. (Com dados até 2015. Em breve publicaremos uma atualização aqui)


Plano Plurianual 2018-2021 sinaliza redução de recursos para a cultura

Foto: Tonico Alvares/CMPA
A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, no último dia 10 de agosto, a proposta de Plano Plurianual (PPA) 2018-2021, apresentada pelo Executivo.
O Plano, que é obrigatório por lei, irá balizar a elaboração das Leis Orçamentárias Anuais para os próximos quatro anos, estimatindo receitas e despesas do Município.

Para o período 2018-2021, foi previsto no PPA um aumento das receitas, de R$ 6,6 bilhões no primeiro ano para R$ 7,4 bilhões no último. Em relação às despesas, há previsão de crescimento também, entre 2018 (R$ 7,3 bilhões) e 2020 (R$ 8,1 bilhões), reduzindo-se no último ano  para R$ 7,9 bilhões.

Quanto à Função Cultura, está prevista uma progressiva redução nos recursos, ano a ano:

  • 2018 - R$ 55,2 milhões
  • 2019 - R$ 55,2 milhões
  • 2020 - R$ 54,1 milhões
  • 2021 - R$ 49,9 milhões

Em relação ao orçamento previsto para o corrente ano, conforme a Lei Orçamentária Anual de 2017, que é de R$ 65,4 milhões, ao final dos próximos quatro anos haverá redução nominal de 23,6%. Já
em termos de percentual orçamentário (a proporção do gasto em cultura em relação ao gasto total da Prefeitura) essa redução será mais significativa, caindo de 0,94% neste ano para 0,63% ao final do quadriênio - redução de um terço, aproximadamente.

A serem confirmados, esses percentuais serão os menores da história da SMC. O percentual médio estipulado na LOA para a Cultura, desde a criação do órgão, é de 1,26%. O percentual máximo foi de 2,18%, em 1989; o mínimo, de 0,80%, ocorreu no ano passado. (Os valores executados efetivamente a cada ano nem sempre coincidem com o estipulado na LOA, que é uma previsão, podendo variar para mais ou para menos. Veja aqui uma série histórica do orçamento da SMC até 2015.)

Ano
Despesa Total R$
Função Cultura R$
% Função Cultura / Total
2017
6.949.142.987,00
65.417.882,00
0,94%
2018
7.312.184.495,00
55.241.336,00
0,76%
2019
7.739.505.718,00
55.238.214,00
0,71%
2020
8.115.393.250,00
 54.095.160,00
0,67%
2021
7.889.044.006,00
49.956.618,00
0,63%

O Projeto de Lei encaminhado pelo Prefeito ao Legislativo pode ser lido aqui.
O texto final, com as emendas aprovadas e toda a tramitação do PPA 2018-2021 podem ser encontrados no site da Câmara.

Patrimônio Cultural: quanto gastam as capitais?

Gráfico 1
Dando sequência à postagem anterior, onde atualizamos o ranking do gasto público na função Cultura das capitais brasileiras, no período compreendido entre 2002 e 2016, conforme dados do Tesouro Nacional, vamos nos deter agora na parcela desses gastos que é direcionada à proteção ou preservação do "Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico". Na contabilidade pública, esses valores são discriminados em uma "sub-função" específica, desde 2004.No gráfico acima, vemos a classificação das capitais conforme o percentual dos seus orçamentos aplicado nessa subfunção. Em média, para cada R$ 100,00 de orçamento, as capitais gastaram R$ 0,05 com Patrimônio Cultural.

Gráfico 2
Observa-se, nesse período de 13 anos, uma disparidade ainda maior do que a verificada na função Cultura (ver post anterior). Enquanto apenas três cidades (Florianópolis, Recife e Belém) gastaram em média mais de 0,1%, oito gastaram menos de um décimo disso (abaixo de 0,01%): Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Porto Velho, Goiânia, Teresina, Maceió e Salvador. As duas últimas não apresentarem nenhuma despesa dessa espécie.

Não obstante, os recursos para o Patrimônio com um todo cresceram acima da inflação ao longo de uma década, tendência que se inverteu a partir de 2014, conforme se observa no Gráfico 2. Para esse gráfico, foi utilizado o gasto por habitante, isto é, o montante gasto pelo município foi dividido pela sua população para cada ano da série (conforme o IBGE). Em 2016, por exemplo, a média das capitais foi de exatamente R$ 1,00 por habitante, variando entre o máximo de R$ 3,15 (para Curitiba) e o mínimo de zero (para metade das 26 capitais!) Porto Alegre gastou R$ 0,43 por habitante, menor valor desde 2009.


Gráfico 3
Ao contrário do que ocorre com os gastos gerais na função Cultura, na sub-função Patrimônio Porto Alegre situa-se geralmente abaixo da média nacional (gráfico 2), com exceção dos anos de 2014-2015, exceção esta devido ao recebimento de recursos externos (federais) expressivos, que superaram em muito o montante de recursos próprios habitualmente destinado pelo orçamento municipal. Na classificação, a capital gaúcha encontra-se na 14a. posição.

 
Neste link você encontra a planilha com todos os dados e gráficos (Google Docs).








Atualizamos o ranking do gasto público em cultura das capitais brasileiras

Despesas em cultura das capitais para 2016, cfe. o Tesouro
Nacional (Dados indisponíveis para Florianópolis e Macapá)
A repercussão de nossa postagem anterior (que se tornou a terceira mais acessada na história do blog) demonstrou que o tema do financiamento à cultura é dos mais populares entre nossos leitores. Retomamos o assunto hoje com a atualização do ranking comparativo do gasto público em cultura das capitais brasileiras.

A base do estudo são os dados que publicamos aqui há pouco mais de dois anos. Eles foram atualizados com os dados do Tesouro Nacional para 2015 e 2016. Outras novidades incluem uma análise do gasto por habitante (na função Cultura e na sub-função Patrimônio) e a comparação com a inflação no período. Também passamos a disponibilizar a planilha completa com os dados na plataforma Google Docs.

As 26 capitais gastaram em cultura, em 2016, um total de R$ 1,286 bilhão, ou R$ 28,68 para cada um de seus 44,8 milhões de habitantes. Os percentuais variam enormemente entre as cidades, sendo que o percentual gasto em cultura por Recife (2,37%) é mais de 20 vezes maior que o da última colocada, Teresina (0,11%). Na contramão da crise (pretexto habitual para cortes nos orçamentos da cultura), destacou-se em 2016 a capital do Mato Grosso, que investiu mais de R$ 26 milhões, com percentual (1,42%) três vezes maior que sua própria média (0,46%). Já Teresina seguiu tendência contrária. Com média de 0,94% no período 2002-2016, no último ano gastou apenas R$ 2,8 milhões, ou 0,11%, ficando em último lugar entre as 26 capitais.

Evolução ao longo do tempo mostra tendência de queda




Evolução do gasto por habitante superou a inflação oficial
Na série histórica, a capital que mais investe em cultura, em termos percentuais de seu orçamento, continua sendo Recife, com média de 2,42% ao longo dos 15 anos pesquisados. Apesar de já liderar no levantamento anterior, a capital pernambucana avançou em relação ao apurado em 2014, que era de 2,37%. Seguem, nas primeiras posições do ranking, Boa Vista, Aracaju e Vitória, todas na mesma posição que há 2 anos, porém já abaixo de 2%. Na quinta posição, Palmas superou o Rio de Janeiro, desde o levantamento de 2014. As últimas seis posições permaneceram inalteradas desde o último levantamento, ficando as 3 últimas abaixo de 0,5%: Cuiabá, Maceió e Salvador. Porto Alegre perdeu uma posição desde 2014, caindo da oitava (1,09%) para a nona (1,06%) posição, valor ainda acima da média do conjunto das capitais, que é de 1,01%.

No conjunto das capitais, a tendência é de queda nos percentuais ao longo do período, se considerarmos que o percentual médio das capitais em 2002 era de 1,14%, tendo chegado a 1,23% em 2008 e ficando abaixo de 1% após 2013.
O gasto em cultura por habitante de Porto Alegre mantém-se
acima da média das capitais
Já o gasto por habitante, que atingiu R$ 28,68 em 2016, teve aumento acima da inflação no período considerando a variação do IPCA, pois era de apenas R$ 9,12 em 2002.

No próximo post abordaremos os gastos das capitais na sub-função Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico.


 







Fumproarte, Funcultura e o Fundo de Participação dos Municípios

Intervenção Plasticidade foi um dos projetos patrocinados
pelo Fumproarte em 2016 (Foto Gabriel Dienstmann)


Em 14 anos, Fumproarte deixou de receber valor estimado em R$ 147 milhões, conforme Lei Municipal.


Há pouco mais de um mês, durante o Seminário Movendo Horizontes, foram apresentados pelo Coordenador do Fumproarte, Miguel Sisto Jr., números sobre a atual situação deste fundo. O Fumproarte é um dos mais antigos fundos municipais de fomento à cultura em funcionamento no país, tendo patrocinado, desde 1994, cerca de mil projetos, a grande maioria de pequeno porte, que movimentaram a produção local em todas as áreas artísticas.

Atualmente, diversos projetos aprovados em 2016 permanecem sem perspectiva de iniciarem suas atividades, por falta de recursos. O orçamento previsto para 2017 é de R$ 1.264.959, que em termos percentuais do orçamento da SMC representa o menor valor da história (1,9%). Em média, esse percentual ficou em 7% (1995-2017), chegando a ultrapassar 10% nos anos de 1995-6. Em relação ao orçamento total da Prefeitura, o percentual também é o menor da história: 0,018%, que representa 1/10 do percentual previsto para 1995 (0,184%). A média no período foi de 0,085%.
Mesmo em termos nominais (ou seja, sem considerar a inflação), o valor é o menor desde 2003, quando foi de R$ 1.190 mil.

Durante as discussões no Seminário, em busca de soluções para o impasse atual, foram levantadas diversas questões pelos presentes, entre elas os dispositivos legais que estabelecem:
  1. Que o orçamento do Fumproarte não pode ser inferior ao do Funcultura (Fundo Pró-Cultura do Município, destinado às despesas com a programação própria da Secretaria Municipal de Cultura) - Art. 3o. Inc. I da Lei 7.328/1993;
  2. Que o orçamento do Funcultura não pode ser inferior a 3% dos repasses feitos pela União ao Município, através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) - Art. 9o. Inc. I da Lei 6.099/1988.
Gráfico 1
Cumprindo nossa missão de subsidiar o debate, apresentamos aqui um levantamento da série histórica de repasses do FPM e dos orçamentos do Funcultura e Fumproarte (previstos e empenhados), ao longo dos últimos 14 anos (2003-2016), tendo como fonte o portal do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS).

O Gráfico 1 compara os valores previstos, tanto para a arrecadação do FPM quanto para os gastos com os fundos (Funcultura em azul, Fumproarte em vermelho). O Gráfico 2 utiliza os dados definitivos, comparando o que foi efetivamente repassado pela União através do FPM com os valores empenhados em cada um dos fundos.
Os resultados são claramente favoráveis ao Funcultura, que tanto na previsão como no gasto efetivo sempre superaram com folga o limite mínimo estabelecido pela Lei que criou este fundo. Contudo, de 2013 em diante o valor relativo do Funcultura começou a despencar, ficando pela primeira vez abaixo dos 3% em 2015, fato que se repetiu no ano seguinte. Fato significativo é que ambos os fundos atingiram, em 2016, os menores percentuais em relação à arrecadação do FPM

Já em relação ao Fumproarte, é fácil perceber que o limite estabelecido pela Lei 7.328/93 (equiparação com o Funcultura) vem sendo descumprido sistematicamente, sendo os valores  (previstos ou empenhados) daquele muito inferiores a este, ao longo de todo o período. Mesmo em relação aos 3% do FPM, o Fumproarte só atingiu esse patamar nos anos de 2004-5, e mesmo assim somente em relação ao orçamento previsto (não no empenhado/arrecadado).

Para 2017, a arrecadação do FPM foi estimada na Lei Orçamentária em R$ 251 milhões, o que deveria resultar, segundo a legislação citada acima, em R$ 7.530.000 para cada um dos fundos da SMC, valor que é seis vezes maior do que o orçamento previsto para o Fumproarte (citado no início do texto). Já o Funcultura tem orçamento previsto em R$ 7.660.014 para 2017, acima do patamar dos 3%.

Considerando o período 2003-2016, o Fumproarte recebeu em média 1,4% da arrecadação do FPM, ou seja, menos da metade do mínimo estabelecido por lei. Se o patamar mínimo fosse cumprido, tomando como referência a arrecadação de 2016, que foi de R$ 7,324 milhões, o Fumproarte deveria ter recebido anualmente R$ 3,9 milhões a mais, ou um total de R$ 54,6 milhões ao longo dos 14 anos.

Caso se considere não apenas os 3% do FPM, mas a equiparação ao Funcultura como limite mínimo (novamente tomando como parâmetro a arrecadação de 2016), o Fumproarte deixou de receber anualmente R$ 10,4 milhões, totalizando R$ 147 milhões a menos ao longo de 14 anos.

Neste link é possível acessar a planilha completa com os dados aqui utilizados.
[OBS: Após constatarmos um erro nos dados de 2016 - eram dados parciais e não totais do ano - na planilha acessível por este link, a mesma foi editada. Entretanto, os dados citados no texto acima não precisaram ser alterados, permanecendo válidos. 29/12/2017]
Neste outro, a publicação sobre os 15 anos do Fumproarte (com artigos e mais dados).