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Intervenção Plasticidade foi um dos projetos patrocinados pelo Fumproarte em 2016 (Foto Gabriel Dienstmann) |
Em 14 anos, Fumproarte deixou de receber valor estimado em R$ 147 milhões, conforme Lei Municipal.
Há pouco mais de um mês, durante o Seminário Movendo Horizontes, foram apresentados pelo Coordenador do Fumproarte, Miguel Sisto Jr., números sobre a atual situação deste fundo. O Fumproarte é um dos mais antigos fundos municipais de fomento à cultura em funcionamento no país, tendo patrocinado, desde 1994, cerca de mil projetos, a grande maioria de pequeno porte, que movimentaram a produção local em todas as áreas artísticas.
Atualmente, diversos projetos aprovados em 2016 permanecem sem perspectiva de iniciarem suas atividades, por falta de recursos. O orçamento previsto para 2017 é de R$ 1.264.959, que em termos percentuais do orçamento da SMC representa o menor valor da história (1,9%). Em média, esse percentual ficou em 7% (1995-2017), chegando a ultrapassar 10% nos anos de 1995-6. Em relação ao orçamento total da Prefeitura, o percentual também é o menor da história: 0,018%, que representa 1/10 do percentual previsto para 1995 (0,184%). A média no período foi de 0,085%.
Mesmo em termos nominais (ou seja, sem considerar a inflação), o valor é o menor desde 2003, quando foi de R$ 1.190 mil.
Durante as discussões no Seminário, em busca de soluções para o impasse atual, foram levantadas diversas questões pelos presentes, entre elas os dispositivos legais que estabelecem:
- Que o orçamento do Fumproarte não pode ser inferior ao do Funcultura (Fundo Pró-Cultura do Município, destinado às despesas com a programação própria da Secretaria Municipal de Cultura) - Art. 3o. Inc. I da Lei 7.328/1993;
- Que o orçamento do Funcultura não pode ser inferior a 3% dos repasses feitos pela União ao Município, através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) - Art. 9o. Inc. I da Lei 6.099/1988.
Gráfico 1 |
O Gráfico 1 compara os valores previstos, tanto para a arrecadação do FPM quanto para os gastos com os fundos (Funcultura em azul, Fumproarte em vermelho). O Gráfico 2 utiliza os dados definitivos, comparando o que foi efetivamente repassado pela União através do FPM com os valores empenhados em cada um dos fundos.
Já em relação ao Fumproarte, é fácil perceber que o limite estabelecido pela Lei 7.328/93 (equiparação com o Funcultura) vem sendo descumprido sistematicamente, sendo os valores (previstos ou empenhados) daquele muito inferiores a este, ao longo de todo o período. Mesmo em relação aos 3% do FPM, o Fumproarte só atingiu esse patamar nos anos de 2004-5, e mesmo assim somente em relação ao orçamento previsto (não no empenhado/arrecadado).
Para 2017, a arrecadação do FPM foi estimada na Lei Orçamentária em R$ 251 milhões, o que deveria resultar, segundo a legislação citada acima, em R$ 7.530.000 para cada um dos fundos da SMC, valor que é seis vezes maior do que o orçamento previsto para o Fumproarte (citado no início do texto). Já o Funcultura tem orçamento previsto em R$ 7.660.014 para 2017, acima do patamar dos 3%.
Considerando o período 2003-2016, o Fumproarte recebeu em média 1,4% da arrecadação do FPM, ou seja, menos da metade do mínimo estabelecido por lei. Se o patamar mínimo fosse cumprido, tomando como referência a arrecadação de 2016, que foi de R$ 7,324 milhões, o Fumproarte deveria ter recebido anualmente R$ 3,9 milhões a mais, ou um total de R$ 54,6 milhões ao longo dos 14 anos.
Caso se considere não apenas os 3% do FPM, mas a equiparação ao Funcultura como limite mínimo (novamente tomando como parâmetro a arrecadação de 2016), o Fumproarte deixou de receber anualmente R$ 10,4 milhões, totalizando R$ 147 milhões a menos ao longo de 14 anos.
Neste link é possível acessar a planilha completa com os dados aqui utilizados.
[OBS: Após constatarmos um erro nos dados de 2016 - eram dados parciais e não totais do ano - na planilha acessível por este link, a mesma foi editada. Entretanto, os dados citados no texto acima não precisaram ser alterados, permanecendo válidos. 29/12/2017]
Neste outro, a publicação sobre os 15 anos do Fumproarte (com artigos e mais dados).
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