Observatório apresenta primeiros resultados da pesquisa de consumo cultural

Espaço cultural mais frequentado da Capital, a Usina já foi visitada por 85%
dos entrevistados. (Foto: Luciano Lanes/PMPA)
Na noite desta terça-feira, na Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura, a equipe coordenadora da pesquisa Usos do Tempo Livre e Práticas Culturais dos Porto-Alegrenses apresentou seus primeiros resultados, detalhando ao público a realização, desde a iniciativa do projeto, submetido ao Edital do Fundo de Apoio à Cultura do Estado; passando pela elaboração e discussão do questionário: até a aplicação das entrevistas pela empresa Foco Opinião e Pesquisa, em dezembro passado. O evento foi acompanhado de um relato sobre a criação do Observatório e de pesquisas anteriores desenvolvidas pela Assessoria de Estudos e Pesquisas da SMC. Após a exposição, foram respondidas perguntas da plateia. A atividade integrou as comemorações da Semana de Porto Alegre.

Atividades culturais externas (fora de casa)

Entre as atividades culturais que os porto-alegrenses frequentam fora de casa, destaca-se o cinema, frequentado por mais da metade da população pelo menos uma vez nos últimos 12 meses e por 40% nos últimos 30 dias. Espetáculos musicais apresentam números semelhantes. Somente 3% dos entrevistados nunca foram ao cinema; 6,7% nunca foram a um show musical.
Num outro extremo, encontram-se as atividades culturais frequentadas pela minoria da população. Cerca de 20% foram ao teatro no último ano, número similar ao apresentado por exposições de artes ou fotografia. Os público de dança e circo são ainda mais restritos, com 13%; sendo o de música erudita e ópera o menor de todos, com 5,5% tendo frequentado pelo menos uma vez nos últimos 12 meses.
Olhando pelo lado da exclusão, 2/3 dos entrevistados nunca foram a um concerto ou ópera; 59% a espetáculos de dança ou balé; 50% a exposições e 43% a peças de teatro. Embora preocupantes, quando comparados a outras pesquisas recentes estes dados mostram Porto Alegre em situação melhor do que a média. A pesquisa Públicos de Culturado SESC encontrou, em 2013, num universo de 139 cidades brasileiras, uma parcela maior do público excluída dessas áreas artísticas: 57% nunca haviam ido ao teatro, 71% a exposições, 75% à dança e 83% a concertos.
O público de circo apresenta um perfil diferenciado, pois, embora poucos sejam os frequentadores assíduos, é grande a parcela dos que foram ao menos uma vez na vida (63%), enquanto apenas 23% nunca tiveram esta experiência. Na pesquisa do SESC, o circo foi o tipo de atividade mais citada (por 29% dos entrevistados) como a primeira experiência artística da vida.

Veja mais dados nos slides:
Como foi feita

A pesquisa entrevistou em domicílio 1.220 moradores da Capital, amostra selecionada segundo sexo e faixa etária, distribuída segundo regiões e setores censitários da cidade. O questionário foi elaborado pela equipe coordenadora, a partir de uma primeira pesquisa realizada pela SMC na década passada, com contribuições de diversas outras que vem sendo realizadas no Brasil e outros países; contando também com a colaboração de convidados locais, profissionais de diversas áreas artísticas.

Próximos passos

O resultado final, a ser divulgado em maio próximo, constituirá um diagnóstico inédito e abrangente sobre as práticas culturais, a demanda, e o acesso a produtos e serviços culturais pela população. O objetivo é verificar a importância que a população atribui a essas atividades, ditas “culturais”, em relação às demais opções de lazer disponíveis. Os resultados servirão de subsídio às políticas públicas para o setor, visando a ampliação e diversificação da participação cultural, permitindo aos gestores públicos um uso mais eficaz dos recursos. A divulgação dos dados e a repetição periódica da pesquisa permitirão acompanhar a evolução dos hábitos da população, favorecendo a avaliação dos resultados pela sociedade e a correção de rumos, quando necessário. Além disso, os resultados desta pesquisa poderão sugerir a realização de outras, de caráter qualitativo ou mais específicas.

Créditos

Nesse projeto, a SMC contou com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (SEDAC-RS), através do Fundo de Apoio à Cultura/Pró-cultura RS, que arcou com a metade do custo total – cerca de R$ 100 mil - sendo a outra metade de recursos próprios do Município. 
A equipe de coordenação é constituída por Fátima Ávila (Socióloga/SMC), Mariana Aydos (Socióloga e Mestre em Demografia) e o professor Caleb Faria Alves (IFCH-UFRGS), além de Álvaro Santi pelo Observatório da Cultura.
Agradecimentos a Breno Ketzer, Marcel Goulart, Vera Pellin, Juarez Fonseca, Márcia Ivana L. Silva, Marcus Mello e Luiz Antônio Custódio.

Compare com os dados de outras pesquisas similares

Acesse a pesquisa Hábitos culturais dos paulistas (2014), da JLeiva Cultura e Esporte, que entrevistou 7939 pessoas em 21 cidades do Estado de São Paulo.
Acesse a pesquisa Públicos da Cultura (2013), do SESC-SP e Fundação Perseu Abramo, que entrevistou 2.400 pessoas em 139 municípios de 24 estados.

Pesquisa de satisfação nos teatros municipais

Teatro Renascença (Foto: Cristine Rochol)
A Coordenação de Artes Cênicas da SMC realizou, nos meses de outubro e novembro de 2014, uma pesquisa com a finalidade de conhecer o perfil e avaliar a satisfação do público frequentador dos teatros Renascença e Álvaro Moreyra. Foram aplicados 180 questionários, metade antes e metade após os espetáculos. Em sua elaboração, a pesquisa contou com a colaboração do Observatório da Cultura. A ideia é repetir sua aplicação periodicamente, permitindo acompanhar a evolução do público ao longo do tempo.

Veja alguns resultados:
Divulgação: Os resultados indicam que o chamado boca-a-boca segue tendo grande importância na divulgação dos eventos, sendo apontado por mais de 1/3 do público como meio de conhecimento sobre o espetáculo. O Facebook já responde por 12%.
Transporte: O automóvel é o meio de transporte mais utilizado pelos frequentadores dos teatros (61%).
Frequência: São comuns os frequentadores assíduos de espetáculos. Quase 60% responderam ter ido ao teatro há 30 dias ou menos. Somente 7,8% foram pela primeira vez ao teatro.
Preços: A grande maioria do público (86%) está satisfeita com o preço dos ingressos, considerado barato (24%) ou acessível (62%).
Sexo e idade: Predominam os espectadores do sexo feminino (60%). A faixa etária mais presente tem entre 20 e 30 anos (36%). Ao contrário do que ocorre em outros lugares, a terceira idade não representa parcela importante do público: somente 9% tem mais de 60 anos.
Escolaridade: A grande maioria (78%) do público tem ou está cursando curso superior.

Em relação à satisfação, os resultados foram considerados bastante positivos. 80% do público recomendaria o espetáculo que assistiu; 78% aprovou a limpeza do local (bom ou ótimo); 75% o atendimento; 71% a segurança; 61% o conforto. No conjunto, 78% consideram a experiência de ida ao teatro boa ou ótima.