Paulo Miguez (UFBA) seguiu com mais números:
- O Banco Mundial estima em 7% do PIB global o tamanho das indústrias culturais (ou criativas)
- Os Rolling Stones arrecadaram US$ 150 milhões apenas com ingressos em sua última turnê
- Os 100 maiores shows de música arrecadaram US$ 3 bi em bilheteria
- Nos EUA, TV e cinema empregam 2,5% da força de trabalho e 11% do PIB é o tamanho da chamada copyright industry.
Ele alerta para a necessidade de a política cultural pensar a cultura antes pelo viés do simbólico, que nunca pode ficar subordinado ao econômico, em benefício da diversidade cultural, sob pena de apenas reforçar as práticas hegemônicas da indústria.
Minha reflexão a partir da sua fala é que o conceito de diversidade cultural veio substituir aquele ("ultrapassado") de “qualidade”, de boa literatura ou artes de qualidade, consideradas hoje em dia, não sem razão obviamente, elitistas, mas cuja falta nos deixava um tanto sem parâmetros. Mas esse novo paradigma, mais "politicamente correta", não causa suas próprias distorções? No limite, o conceito de diversidade não nos levaria a aceitar a exigências crescentes de representação de cada credo, raça, etnia, cor, gênero, opção sexual, região, faixa etária, estilo, e assim por diante ad infinitum? Isso não oculta um certo paternalismo, que leva a privilegiar determinadas obras "sem qualidade" apenas pela sua temática ou pela condição do autor?
Por outro lado, percebo que ainda neste contexto faz-se necessária a presença do Estado Nacional (no passado repressor da diversidade em nome da construção de uma identidade única) para garanti-la com suas políticas, já que o principal instrumento para isso hoje é uma Convenção Internacional da UNESCO, assinada pelos Estados.
continua
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