Entre os dias 16 e 19 de novembro, aconteceu na UFRGS o segundo evento da série Conexões Criativas, atividade de extensão promovida pelo Observatório de Economia Criativa - OBEC-RS e do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo - CEGOV. Com cinco sessões e mais uma conferência de encerramento, o workshop Indicadores para Desenvolvimento de informação qualificada sobre Economia Criativa foi ministrado pelos espanhóis Pau Rausell-Köster e Raúl Abeledo (foto à esq.) e pelo professor Leandro Valiati, coordenador do OBEC-RS e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS.
Rausell e Abeledo (que já estiveram palestrando em Porto Alegre, em setembro de 2012, fato que foi notícia neste blog) são responsáveis, na Universidad de Valencia, pela Área de Pesquisa em Economia da Cultura e do Turismo, intitulada ECONCULT. Com mais de duas décadas de atuação na área, sua equipe vem produzindo pesquisas de valor para quem interessa em Economia da Cultura - todas ou a maior parte delas disponíveis aqui (em espanhol). Foi uma excelente oportunidade de conhecermos mais a fundo o seu trabalho, salientando continuamente a importância dos dados para formulação e avaliação das políticas públicas de cultura, numa perspectiva de desenvolvimento integral.
O objetivo desse encontro foi compartilhar por aqui a experiência do Econcult no espaço europeu, buscando conectar a cultura a estratégias de desenvolvimento local e regional, e obtendo êxito na busca de recursos em fundos e programas de fomento não-culturais, mantidos pela União Europeia, tais como Horizon (voltado à pesquisa e inovação), Life (meio-ambiente), Urbact (cidades), Interreg (inovação com foco em governos locais e regionais) e Cosme (pequenas e médias empresas).
Raúl Abeledo, cuja trajetória vem dos estudos do meio-ambiente, chama a atenção para a importância do uso da pesquisa econômica dentro do campo cultural, alertando para o fato de que a cultura - tal como a ecologia - não deve subordinar-se à economia, no sentido de ser apenas mais uma ferramenta para fomentar o desenvolvimento econômico, mas sim para repensarmos o próprio conceito de desenvolvimento.
Rausell observa que a complexidade do campo da cultura é usada amiúde como pretexto para se descartar técnicas quantitativas, chegando a afirmar - como provocação - que até hoje não encontrou nada impossível de medir (embora possa ser difícil). Alerta que os dados não servem para substituir o debate público, porém são essenciais para torná-lo mais informado e produtivo, ao colocar em xeque certos clichês que tomamos como verdades absolutas.
A conferência de encerramento, dia 19 (foto à dir.), teve como palestrantes, além do professor Rausell, o Secretário de Políticas Culturais do MinC, Guilherme Varella, e o professor Filip Vermeylen, da Universidade Erasmus de Roterdam (Holanda), que vem estudando os mercados globais de arte, particularmente nos países emergentes.
Todas as sessões foram gravadas em vídeo e estão disponíveis no site do OBEC-RS.
"Não se pode conceber a possibilidade de administrar um país sem dados estatísticos, pois que, sem eles, tudo é feito arbitrariamente, sem fundamento, sem critério e com grave prejuízo para o povo, que é a vítima dos atos levianos dos que governam sem doutrina e dos que administram por vagas inspirações, sem dados positivos em relação aos diversos ramos do serviço público" [Júlio de Castilhos, 1889]
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