Seminário Intercena em Porto Alegre - parte 2

[continuação da postagem anterior]

Após as rodadas de negócios, pela parte da manhã, o segundo dia do Seminário Intercena teve seguimento à tarde com mais dois painéis, tratando dos temas Plano estratégico de internacionalização e O investimento social privado na formulação do mercado das artes e a exportação.

No primeiro, assistimos a um panorama da circulação de espetáculos brasileiros em festivais no exterior, ainda muito incipiente. Marcelo Bones, diretor teatral que coordena o Observatório dos Festivais, propõe cinco fatores ou "gargalos" que contribuem para esta situação: 1) Falta de políticas públicas (os editais do MinC para passagens acabaram); 2) o idioma, que demanda esforços de tradução, legendagem ou aprendizado (mas não atrapalha a dança); 3) a dimensão territorial do Brasil, que já dificulta a circulação mesmo sem sair do país; 4) a ausência de "eventos de negócios" que aproximem programadores, produtores e artistas (já que os festivais priorizam os espetáculos para seus públicos); e 5) a baixa prioridade dada pelos próprios artistas e grupos ao assunto.

Marcelo Allasino, diretor-executivo do Instituto Nacional do Teatro da Argentina, trouxe a experiência daquele país, cuja classe teatral mobilizada obteve do governo a aprovação de uma Lei Nacional, em 1997, estabelecendo um órgão próprio, com orçamento independente para promoção das artes cênicas. O valor executado pelo INT em 2017 foi de US$ 17 milhões, recursos provenientes de taxação sobre a bilheteria dos cinemas e também das loterias. No campo da internacionalização, o INT auxilia na circulação tanto de grupos nacionais para o exterior quanto vice-versa, além de oferecer bolsas de estudo e publicação de textos de dramaturgia. Allasino também foi eleito recentemente para presidir o programa de cooperação internacional Iberescena. (cuja convocatória encontra-se aberta, para projetos a serem realizados em 2019)

O segundo painel reuniu dois importantes patrocinadores de cultura, a Braskem (patrocinadora do próprio Intercena) e o Itaú Cultural. Representando este último, Eduardo Saron fez um balanço do programa Rumos, cujos editais ao longo do tempo já acumularam mais de 45 mil inscrições, que constituem um verdadeiro mapa da demanda artística do país. João Freire, da Braskem, discorreu sobre as razões da empresa em apoiar projetos culturais como o Intercena e outros.

Representando o Governo Federal, estiveram presentes Ana Letícia Fialho, diretora do Depto. de Estratégia Produtiva da Secretaria de Economia da Cultura do MinC; e Flávia Furtado, da Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ana Letícia destacou alguns projetos recentes do MinC nesse campo, como os dois volumes do Atlas Econômico da Cultura Brasileira (produzido pela UFRGS em convênio como MinC) e o Manual de Exportação de Bens e Serviços Culturais (que contou com apoio da Unesco), assim como os preparativos para o Mercado de Indústrias Culturais do Sul - MicSul, que este ano será realizado pela primeira vez no Brasil. A representante do MDIC apresentou alguns dados sobre o comércio exterior de serviços, onde estão incluídas as atividades culturais, setor que se apresenta bastante deficitário, já que o volume de importações é oito a nove vezes maior do que as exportações.

Leia aqui a primeira parte do nosso relato sobre o Intercena.

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