Conferência Internacional de Pesquisa em Política Cultural (ICCPR) - Final

O formato da ICCPR atribui, adicionalmente à responsabilidade de apresentar seu próprio trabalho, a tarefa de comentar um outro. A mim, coube debater o artigo de Patricia Cupeiro Lópes sobre a rede espanhola de Paradores de Turismo, uma experiência que vale a pena conhecer.


Os paradores são uma rede com quase uma centena de hotéis, administrada por uma empresa pública desde 1991. Sua criação, em 1928, pelo Rei Afonso XIII, atendeu a uma necessidade de oferecer acomodações para uma incipiente demanda turística, em locais de interesse, muitos deles isolados ou sem infra-estrutura adequada para receber os visitantes. Quase a metade deles funciona em prédios históricos, restaurados e adaptados especialmente para a função. Sua permanência e constante ampliação, ao longo de mais de oito décadas e sucessivos regimes de governo (além de uma guerra civil), constitui uma verdadeira política de Estado, que alia o fomento do turismo ao reconhecimento do patrimônio histórico, com o objetivo de assegurar a sustentabilidade de ambos.

Tanto assim que a breve República, instalada apenas 3 anos depois da inauguração do primeiro parador, manteve a iniciativa, ciente da importância do turismo para a economia nacional. Durante a Guerra Civil e com o advento da ditadura franquista, o país experimenta certo isolamento. Com o final da II Grande Guerra, o turismo lentamente vai sendo retomado, inclusive como instrumento de reabilitação da imagem externa do país - que chegou a ser expulso da ONU em 1945. Como consequência, crescem os paradores em importância e número: só em 1966 inauguram-se dezesseis!

Patricia Cupeiro López
Patricia Cupeiro é doutoranda em Historia da Arte na Universidad de Santiago de Compostela. Outro artigo seu sobre o mesmo tema, "Patrimonio y turismo. La intervención arquitectónica en el patrimonio cultural a través del programa de paradores nacionales de turismo en las rutas Jacobeas. El Camino Primitivo", pode ser lido aqui (em espanhol).


Infelizmente, não obstante seus mais de 80 anos de tradição, os paradores não estão a salvo da crise financeira atual, que reduziu dramaticamente a procura por seus serviços. Após acumular um prejuízo de 77 milhões de euros (até 2011), a companhia acaba de divulgar um plano de reestruturação "para assegurar sua sobrevivência", prevendo a demissão de 644 trabalhadores (ou 14% do total).

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